A última noite...
Passei toda a noite agarrado a ti… e tu a mim… Senti os teus beijos, dei-te os meus… Foi como que uma contagem decrescente para uma pena de morte, para uma morte anunciada… Sabia que ao amanhecer não te teria mais, que seria a ultima vez que sentiria o teu corpo encostado ao meu, o teu calor, os teus braços à minha volta, os meus a proteger-te… Tal como todas as noites, infantilmente os teus pés e os meus procuravam-se, e aqueciam-se… Durante a noite não custou, porque como sempre a força daquilo que nos une foi muito forte, tão forte que por breves horas fez desaparecer a certeza de que não haveria mais nenhuma noite vez como esta… Bebemos, rimos, beijamos, abraçamos, choramos… Tudo foi perfeito para uma despedida, uma que nenhum dos dois queria, mas que ambos estupidamente aceitam. Os nossos medos foram falados no meio de lágrimas e abraços, no meio de palavras duras, no meio de palavras doces. Durante a noite, acordei por vezes a pensar que já seriam quase horas de dizer adeus, e com medo, abracei-te, beijei-te, e tu beijaste e abraçaste-me de volta. A luz do dia começou a chegar aos poucos, e com ela a tristeza de sentir-te partir. Ficamos aquela habitual meia-hora despertos, apenas a segurar-nos, como que silenciosamente dizendo tudo o que nos ia na alma, como que secretamente a pedir ao outro “não vás, não me deixes…”. Mas ambos sabíamos que por agora, seria assim… Arranjaste-te para sair e talvez com medo do peso da despedida, perguntaste-me se ficava na cama. E eu com maior medo ainda e por não querer ir, deixei-me ficar, e despedimo-nos ali, com as lágrimas a molhar-me a cara, e as tuas mãos a segura-la. Será sempre essa a recordação que ficará, as ultimas palavras, o ultimo adeus… Poderás sempre recordar que fiquei na tua cama, quem sabe o quiseste assim para poderes imaginar que ali estaria quando voltasses, que ali ficaria tudo o que é nosso, tudo o que tivemos, tudo o que temos, que seria eterno. Achei que deveria escrever-te, já que a despedida foi curta e efémera, e as palavras escritas duram para sempre… E escrevi… Uma vez mais te disse o quanto me dói abdicar de ti, uma vez mais te disse o quanto me fazes feliz, mas pela primeira vez disse-te que te amava. E amo, sem sequer saber como lá cheguei. Só depois de o escrever é que percebi a imensidão dele, o quanto ele é puro e verdadeiro. Não tenhas nunca medo de viver, de chorar, de amar… É isso que faz de ti a pessoa especial e apaixonante que és… Não tenhas medo… Eu vou estar lá, mesmo que não me vejas, mesmo que não te toque, mesmo que se imponha entre nós a distância que queres… Adeus amor, nunca te esquecerei…
4 Comments:
Senti um dejávu e vieram-me as lágrimas aos olhos...
Que somos nós? Que se perdeu e a ganhou? Que final teremos? A vida é mesmo assim... Um mar de interrogações, de perguntas sem respostas, de absurdos, de coisas que têm de ser mesmo quando ninguém quer que sejam...
O amor, o amor puro sai sempre derrotado de cada batalha... É efemero, fadiga e destrói...
Nunca percas meu amigo essa capacidade de amar e entregar incondicionalmente ao que queres...
Eu bem conheço as dificuldades das coisas, o desespero, a desilusão... Eu bem te entendo...
Mas a passagem infernal do tempo e da vida não perdoam... Aproveita-a enquanto podes... Não a percas em sofrimentos... Afinal, o que não nos derruba torna-nos mais fortes, capice ?
Take care of you ;)
O amigo, sempre certo nas horas incertas
Strangie
Às vezes pensamos que temos perante nós a pessoa certa e mais tarde apercebemo-nos que não era nada assim... Uma coisa é certa: ninguém merece as nossas lágrimas, excluindo alguém muitíssimo próximo, uma pessoa que esteve lá durante toda a nossa vida! Assim de repente só me lembro dos meus familiares... Também choro e chorarei mas penso que essas lágrimas têm origem noutros sentimentos mais recônditos, como o anseio pela felicidade... "Ainda não foi desta", pensamos vezes sem conta... talvez seja isso que nos magoa muito, aliado ao facto de pensarmos, naquele momento, que aquela seria a pessoa certa.
Abraços,
Air Navigator
O amigo sempre incerto nas horas certas! (A incerteza é derivada ao facto de estar fora de vez enquando! LOL)
buah!
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