Ontem estava a lembrar-me de um filme que julgo quase todos já viram, Demolition Man. E tava a visualizar a cena e o texto daquele gajo que supostamente era o top man da resistência ao "novo regime". E ele dizia, que queria comer haburguers a escorrer gordura, queria poder correr nu pela rua (acho que dizia algo como "...with a rubber on my dick and jerking off to a copy of playboy magazine..", e dizia mais uma série de barbaridades seguidas que faziam sentido. Faziam sentido não porque sejam coisas que se devam fazer, que sejam das tais ditas "normais" ou "adequadas", mas sim porque ele se referia à liberdade de poder fazê-lo, e não ao acto em si. E com tudo isso pus-me a pensar, no que seria realmente um mundo perfeito, em que fossem banidas uma série de coisas, principalmente a estupidez e a incompetência, que são coisas que me deixam doente (excluindo as putas da amigdalas que serão o meu eterno tormento). E fui pensando (é um vício que apanhei desde miúdo...), e dei por mim a imaginar um mundo tão cinzento (que deveria até ser cheio de cores, já que seria perfeito e nem poluição haveria), com pessoas com vidas iguais, a conduzir carros iguais (já parecia comunismo!), e outras tantas cenas assim.
Apercebo-me que, realmente o que leva o espírito humano a procurar a eterna perfeição e a ter aquela eterna busca dos ideais e do avanço, tecnológico, mental, amoroso, etc..., é exactamente o facto de que erramos, sentimos o amargo que isso nos causa ou aos outros, e aprendemos a não fazê-lo de novo, ou corrigimos alguns detalhes, sempre para que para a próxima seja melhor. E como seria então se nada disso existisse? Como saberiamos distinguir o certo do errado se o errado não existisse? Apenas porque tomariamos a palavra de outros? Mas esses outros algum dia nas suas vidas teriam de ter errado, porque senão era impossivel haver um processo de tomada de consciência, porque o processo de aprendizagem, que até poderá ser muito genético, é também feito através de experiências pessoais. Mais ainda, que mundo tão chato seria o não haver diferença, o sermos todos carneirinhos do bem, sem ninguém usar a adrenalina para pisar o risco de vez em quando.
Poderiamos dedicar-nos à exportação de adrenalina para o planeta Wacky ou outro qualquer, já que não a usaríamos, pois emoções intensas apenas desgastam o nosso ser, por mais boas que sejam. E assim, não passaríamos de uns robots, a seguir um qualquer guia prático da boa vida, ou melhor, um guia prático para a saúde, outro para a condução, outro para atravessar a passadeira, outro para a alimentação... Não é que eles não existam! A questão é que hoje em dia temos a opção de segui-los ou não, e nesse mundo perfeito não teriamos, porque seríamos todos iguais. Que triste mundo seria...
Eu também quero continuar a ir ao Mac comer um big tasty cheio de coisas que fazem mal, continuar a ir a qualquer lado queimar essas calorias e melhorar a saúde, a caminho de lá mandar um gajo qualquer para o - piiiiiiii - só pq ele se meteu à minha frente no trânsito, e depois pensar que fui incorrecto e que deveria ter sido mais tolerante, e daí a 5 minutos deixar passar outro qualquer à frente, só para saber que estou a tentar ser uma pessoa melhor...