All things go...All things go
Disse-te que ia escrever... Não porque quero, mas quase porque preciso. Tanta coisa tem acontecido, tanto sentimento à mistura, tanta surpresa, tanta intensidade, alguma confusão. Tenho tentado explicar a mim mesmo tudo o que tem acontecido e porquê. Há algumas para as quais consigo arranjar explicação. Tive medo, muito medo estes dias. Tive medo de que tudo não passe de mais uma desilusão, de mais uma tentativa com fim previsto e previsivel. Tive medo que eu próprio não tivesse a certeza, que a mágoa do passado recente fosse o que me empurrava para ti, e que fosse isso que vias em mim, alguém fragilizado, carente, magoado. Mas, tudo isso não explicava o porquê de o silêncio falar tão alto, não explicava porque a distância só me fazia sentir mais perto a saudade, não explicava porque me vieram as lágrimas aos olhos esta tarde quando vi o teu sorriso na cam. Ultimamente preparo-me sempre para a maior decepção possível, acho que foi isso que aprendi estes dois últimos anos, a estar preparado para tudo, e ao mesmo tempo para nada, a sonhar alto, mas acordando a gritar e cheio de suores frios... E se assim será uma vez mais, então que seja, mas isso não me impedirá de aproveitar cada momento contigo. É ainda confuso para mim como tudo aconteceu e tão depressa. Cheguei a sentir-me culpado por esquecer tão depressa, por não sentir falta... Mas depois apercebi-me, que não poderia sentir falta de algo que não tive, ou que tive apenas em horas demarcadas. E talvez essa percepção me fez não querer ver mais, não querer destruir mais o sonho que foi, e já não será. Mas tenho a capacidade de ter um sonho novo todos os dias. E já aprendi que quanto mais altas forem as quedas, mais alto sonharei da próxima vez. E contigo sonho, sonho com coisas lindas, com cores vivas, com imagens perfeitas paradas no tempo e na imaginação, que duram para sempre, e que talvez um dia, sejam mais que apenas sonho. Sempre me disseram que sonho demais, mas, como é possível não sonhar contigo? Como é possível pensar em ti, e prender a mente para que não voe, manter a cara firme sem que ela estampe aquele sorriso parvo... O mais curioso de tudo será que aquilo que senti quando ouvi pela primeira vez a música, seja exactamente aquilo que sinto quando te vejo... Um mar de força e energia a encher-me, uma parede de ar puro e alegria invade-me, e transborda, a tua cara ilumina-se e reflecte-se na minha, brilha, estendes os braços e tocas-me, e todo o sentimento que transborda de mim empurra-me para ti, faz-me querer tocar-te tão ao de leve, sentir cada traço da tua cara sem quase a tocar, olhar apenas, e deixar que os nossos olhos falem, que nenhuma palavra estrague aqueles segundos que parecem não ter fim... "...I fell in love again..."... E tudo gira e gira na minha cabeça, e o meu coração pula e pula, a tua cara não me sai do pensamento, o teu cheiro envolve-me, e quando dou por mim somos um só, a dançar numa sala cheia de gente, como se ninguém nos conseguisse ver, como se o mundo fosse só nosso, apenas para que o possamos usar para sorrir...